segunda-feira, 30 de julho de 2012

PRISCILA, TARAS E IDOSOS


Foto do site 180 graus

Por Welington Soares

Esta semana uma notícia, estampada nos portais de Teresina, deixou meu coração em frangalhos> Os olhos não querendo acreditar no absurdo que viam, com o ser humano mostrando toda a sua bestialidade e insensatez. O rosto triste de Priscila, depois de estuprada, dava uma ideia da violência de que fora vitima. Como a expressar também incredulidade frente ao que acontecera com ela naquela manha da última quarta-feira. Ainda mais quando praticada por alguém tão próximo, um vizinho. O inacreditável, caro leitor, vem agora: Priscila é uma cadela; o estuprador, um homem de 75 anos. Por se tratar de um animal, infelizmente, o ato não se configura estupro, mas tão somente maus-tratos. Mesmo pego em flagrante, o idoso não será preso, devendo cumprir, a título de punição , apenas serviços comunitários.

A desculpa apresentada por Amadeu, o idoso tarado, foi a mais esfarrapada de todas: “um momento de fraqueza”. Eu acrescentaria também de extrema necessidade, o instinto falando mais alto que a razão. Imagine se o ex-presidente Lula tivesse acatado sugestão, apresentada pelo segmento da terceira idade, de incluir o viagra entre os medicamentos da farmácia popular. Sem dúvida, o cenário atual estaria ainda pior, pois nem as cachorrinhas estão livres da libido masculina. O olhar de Priscila perdido na distância, com uma dor dilacerando sua alma, talvez sensibilize os políticos de nossa terra. Em que sentido, cara pálida? Pode ser até delírio meu, mas defendo a imediata criação da Delegacia do animal, órgão responsável em educar e punir os que atentam contra a integridade física e psicóloga desses filhinhos de Deus.

Mas não pense que esse tipo de tara é sinal do fim do mundo ou perversão somente dos nossos dias. Desde que me entendo como gente, escuto e leio relatos sobre as barbaridades sexuais cometidas contra os animais, sobretudo, em cidades do interior. Nelas, ainda hoje, muitos adolescentes têm a sua iniciação com os bichos, não escapando praticamente nenhum: jumentas, cabritas, porcas e éguas. Em menino de engenho, romance antológico de José Lins do Rego,o personagem Carlos de Melo, um garoto de 10 anos, tem seu batismo com uma bezerrinha. De todos, a vítima preferida são coitadas das galinhas, que em face da brutalidade do ato, acabem morrendo. O tesão é tão forte entre os jovens que, não encontrando animal, acabem se aliviando com bananeiras, melancias e aboboras.

Agora, deve-se atentar também para o drama dos velhinhos, aposentados da vida laboral, mas em plena atividade sexual. E os desejos, independentes da idade, pulsam sempre, ainda mais com o surgimento de um monte de comprimidos para disfunção erétil. Parodiando a famosa música do titãs, eles costumam protestar assim: A gente não quer só dormir / a gente que saída / para o pingolim desamparado”. 

Engana-se quem pensa se tratar de um caso isolado, bem como restrito a pessoas das classes populares. Os que possuem algum dinheiro procuram garotas de programa ou prostitutas, cabendo aos lisos se arranjarem como puderem. De preferência, sem abusar de menores nem maltratar os pobres animais. No mais, é torcer que Priscila, a desprotegida cachorrinha, recupere o sossego de antes e, mais do que isso, a crença no ser humano.


Crônica  da cidadade - Jornal impresso Meio Norte.

Clik aqui para conferir matéria

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...