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Por Welington Soares
Esta semana uma notícia, estampada
nos portais de Teresina, deixou meu coração em frangalhos> Os olhos não
querendo acreditar no absurdo que viam, com o ser humano mostrando toda a sua
bestialidade e insensatez. O rosto triste de Priscila, depois de estuprada,
dava uma ideia da violência de que fora vitima. Como a expressar também
incredulidade frente ao que acontecera com ela naquela manha da última
quarta-feira. Ainda mais quando praticada por alguém tão próximo, um vizinho. O
inacreditável, caro leitor, vem agora: Priscila é uma cadela; o estuprador, um
homem de 75 anos. Por se tratar de um animal, infelizmente, o ato não se
configura estupro, mas tão somente maus-tratos. Mesmo pego em flagrante, o
idoso não será preso, devendo cumprir, a título de punição , apenas serviços
comunitários.
A desculpa apresentada por
Amadeu, o idoso tarado, foi a mais esfarrapada de todas: “um momento de
fraqueza”. Eu acrescentaria também de extrema necessidade, o instinto falando
mais alto que a razão. Imagine se o ex-presidente Lula tivesse acatado sugestão,
apresentada pelo segmento da terceira idade, de incluir o viagra entre os
medicamentos da farmácia popular. Sem dúvida, o cenário atual estaria ainda
pior, pois nem as cachorrinhas estão livres da libido masculina. O olhar de
Priscila perdido na distância, com uma dor dilacerando sua alma, talvez
sensibilize os políticos de nossa terra. Em que sentido, cara pálida? Pode ser
até delírio meu, mas defendo a imediata criação da Delegacia do animal, órgão responsável
em educar e punir os que atentam contra a integridade física e psicóloga desses
filhinhos de Deus.
Mas não pense que esse tipo de
tara é sinal do fim do mundo ou perversão somente dos nossos dias. Desde que me
entendo como gente, escuto e leio relatos sobre as barbaridades sexuais
cometidas contra os animais, sobretudo, em cidades do interior. Nelas, ainda
hoje, muitos adolescentes têm a sua iniciação com os bichos, não escapando
praticamente nenhum: jumentas, cabritas, porcas e éguas. Em menino de engenho,
romance antológico de José Lins do Rego,o personagem Carlos de Melo, um garoto
de 10 anos, tem seu batismo com uma bezerrinha. De todos, a vítima preferida
são coitadas das galinhas, que em face da brutalidade do ato, acabem morrendo.
O tesão é tão forte entre os jovens que, não encontrando animal, acabem se
aliviando com bananeiras, melancias e aboboras.
Agora, deve-se atentar também
para o drama dos velhinhos, aposentados da vida laboral, mas em plena atividade
sexual. E os desejos, independentes da idade, pulsam sempre, ainda mais com o
surgimento de um monte de comprimidos para disfunção erétil. Parodiando a
famosa música do titãs, eles costumam protestar assim: A gente não quer só
dormir / a gente que saída / para o pingolim desamparado”.
Engana-se quem pensa
se tratar de um caso isolado, bem como restrito a pessoas das classes
populares. Os que possuem algum dinheiro procuram garotas de programa ou prostitutas,
cabendo aos lisos se arranjarem como puderem. De preferência, sem abusar de
menores nem maltratar os pobres animais. No mais, é torcer que Priscila, a
desprotegida cachorrinha, recupere o sossego de antes e, mais do que isso, a
crença no ser humano.
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