terça-feira, 7 de maio de 2013

O PODER DA AMEAÇA DE ESTUPRO



Moça: “Não é justo que eu tenha que estar aterrorizada quando vou correr depois das seis da tarde ou quando estou no ônibus ou quando saio pra comprar leite”.
Moço: “Então não saia sozinha à noite. Isso é senso comum”.
Moça: “Isso é cultura de estupro. Quando você me diz que é minha responsabilidade não ser machucada, você tira de uma pessoa a responsabilidade de não estuprar”.
Moço: “Por que sequer estamos falando nisso? Eu não sou um estuprador” (Kate or Die!)
Moça: "Porque é exaustivo tentar acreditar num futuro em que não sou tratada como uma louca por acreditar em igualdade. Porque feministas ainda são consideradas 'histéricas', 'lésbicas', e 'precisando de uma boa transa'. Porque meninas têm poucos modelos decentes na cultura pop e crescem para odiar seus próprios corpos".

Mulheres e homens não recebem uma educação igualitária porque fora da sala de aula as mulheres não são consideradas seres humanos soberanos, e sim presas. A capacidade de pensar independentemente, de se arriscar intelectualmente, de nos impormos mentalmente, é inseparável da nossa forma física de ser no mundo, dos nossos sentimentos de integridade pessoal. 
"Se é perigoso que eu volte pra casa sozinha à noite depois de passar a tarde na biblioteca porque sou mulher e posso ser estuprada nesta volta, quão segura de mim, quão exuberante eu posso me sentir enquanto me sento e trabalho na biblioteca? Quanto da minha energia de trabalho é perdida pela informação subliminar que, como mulher, eu testo meu direito de existir toda vez que saio sozinha?"
Adrienne Rich, do capítulo “On Talking Women Students Seriously,” de On Lies, Secrets and Silence: Selected Prose 1966-1978.
Quando o estupro é aceitável?
Durante uma pesquisa com alunos do ensino médio, Jacqueline Goodchilds perguntou: "É correto um homem fisicamente forçar uma mulher a fazer sexo se..." (note que ela não usou a palavra estupro, e sim um sinônimo).
Condições:
... se ele gastou muito dinheiro com ela? (39% dos alunos responderam que sim, e 12% das alunas).
... se ele está tão excitado que acha que não consegue parar? (36% / 21%)
... se ela já transou com outros caras? (39% / 18%)
... se ela está drogada ou bêbada? (39% / 18%)
... se ela deixou que ele tocasse nela acima da cintura? (39% / 28%)
... se ela estava com vontade e aí mudou de ideia? (54% / 31%)
... se ela has led him on ("deu corda", induziu, enrolou)? (54% / 26%)
... se ela o excita sexualmente? (51% / 42%)
... se eles têm saído por bastante tempo? (43% / 32%)

Este estudo é de 1978, com 432 adolescentes de Los Angeles. Será que a situação mudou muito nesses últimos 35 anos?

Uma das fotos mais famosas do século 20, vendida durante décadas como a imagem de um lindo casal romântico comemorando o fim da Segunda Guerra, é na verdade uma história de abuso.

Diz o texto: "'Aquele homem era muito forte. Eu não o estava beijando. Ele estava me beijando'. Assim escreveu Greta Zimmer Friedman, recordando o dia em 1945 em que um marinheiro bêbado chamado George Mendonsa a atacou sexualmente em Times Square [NY]. Incidentes como esse acontecem o tempo todo, embora obviamente não muitos entrem na nossa consciência cultural como fotos icônicas (e amplamente interpretadas de forma errada)".

E aí, você ainda acredita que cultura de estupro é uma invenção de feministas neuróticas? E o estupro em si, é invenção de quem?
 
 

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